sábado, 21 de dezembro de 2013

PAS196. Um rosto familiar

 Abriu a porta com cautela, e entrou no armazém, de­vagar. Sem tirar as mãos das coronhas das suas armas, olhou para ambos os lados. Alguns fregueses faziam com­pras variadas. Alan avançou uns passos e os seus olhos fixaram-se numa parede onde, numa prancha de madeira, estavam presos alguns avisos e informações. Um rosto que lhe era familiar contemplava-o do seu retângulo de papel, seguro à madeira por alguns «percevejos». Por ter a vista treinada a ver ao longe, devido às longas distâncias no deserto, por onde o olhar se pode espraiar observar, Alan Gregory leu sem dificuldade o conteúdo do aviso que lhe chamara a atenção. Por baixo do seu nome, dizia:

 «Mil dólares de recompensa a quem capturar, vivo ou morto, este homem. É muito alto, veste de negro e monta um cavalo da mesma cor».

«O xerife de El Paso».

 Sem sombra de dúvida, o retrato era o seu. Com cer­teza Jeremias Kirby tinha estado em sua casa e arran­cado a Bertha, por meio de ameaças, a fotografia ali reproduzida. De outro modo, apenas teriam podido descrever o seu aspecto físico e vestuário.
A entrada do forasteiro fez parar as conversas. Todos miraram Alan com uma fixidez que noutros lugares seria considerada insultante, mas que no selvagem Oeste se podia tomar como natural. Viram um rosto moreno, enér­gico, tisnado pela vida ao ar livre, e um corpo alto, mus­culoso, elegante, sem um átomo de gordura a mais. Pela agilidade dos seus movimentos compreenderam que devia ser um homem temível, um inimigo perigoso com os revólveres.
(Coleção Bisonte, nº 47)

 

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