domingo, 20 de outubro de 2013

PAS136. Uma sombra na noite

Quando o ruído das ferraduras do cavalo deixou de ouvir-se na noite, estranhamente silenciosa após a borrasca, ela fechou a porta e trancou-a. Depois, foi às janelas e fez-lhes o mesmo. Quando chegava à última, precisamente a dos seu quarto, deteve-se, como se tivesse ficado pregada ao solo. Lá fora, do outro lado da vidraça, havia uma sombra mais escura que as outras. Aquela sombra nunca estava ali, ela sabia-o bem.
O coração começou a pulsar-lhe em ritmo acelerado e ela levou  a mão ao peito. A sombra movia-se, aproximando-se cada vez mais. Frances Lowrie sabia que as janelas fechavam mal, a não ser que se tivesse muito cuidado ao fazê-lo, e ignorava se o mexicano teria tido essa precaução. Precipitou-se para a janela, num ímpeto que não provinha da sua vontade consciente, e fechou-a. Do outro lado, a sombra imobilizou-se. Então, as nuvens separaram-se e deixaram passar um pálido raio de luar.
A sombra tinha um rosto triangular e as pálpebras pesadamente caídas sobre as comissuras exteriores dos olhos o que dava a estes um aspeto oblíquo e particularmente maligno.
(Coleção Pólvora, nº 14)

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